quarta-feira, 4 de abril de 2012

Gunther, o guerreiro da razão, parte 1: O início

Saindo do velho vilarejo de Steinborn, um guerreiro incomum partia em peregrinação. Os seus caçoavam, o humilhavam, porque de uns tempos para cá, ele havia mudado. Gunther era um guerreiro obstinado, que havia conquistado muitas terras em além-mar para o rei Rothgard, fora general de várias hordas, os vikings batiam no peito e gritavam palavras de ordem só de ouvir o nome dele. Mas ele havia mudado.

Vestia sua armadura, mas seu capacete havia sido jogado fora. Tomou uma capa para proteger-se do frio (era inverno e nevava), e a capa cobria também a sua cabeça. Levava uma espada embainhada, cuja bainha estava pendurada em suas costas, e na sua mão esquerda, um velho livro. Um volume enorme, o qual ele se recusava a mostrar a quem pedisse.

Todos olhavam para ele, mas ele havia feito uma promessa a si mesmo: não diria uma só palavra enquanto não chegasse no seu ponto final. Mas antes que ele fosse embora, todos perguntaram para aonde ele iria, e tudo que ele fazia era mostrar um pergaminho com umas letras estranhas, que ninguém podia compreender. "Lá vai o louco, outrora grande guerreiro, Gunther!", dizia o ancião chefe de seu vilarejo, impotente no desejo de fazê-lo ficar.

Gunther entrou então pelas florestas, caminhando como andarilho rumo ao sul, rumo a um local desconhecido para ele. Não, não tão desconhecido. Ele sabia em seu coração para onde iria, só nunca havia ido lá. Com o voto de silêncio, pretendia com isso não ser desviado do caminho por línguas ardilosas e cheias de malícia. Por isto, levava consigo também uma pena, um pequeno vasinho de tinta vermelha extraída de ervas, e um rolo de pele de carneiro, e dedicaria, ao que ousasse interrogá-lo, apenas uma frase escrita. Estranho? Talvez. Mas algo muito intenso queimava no peito de Gunther, e ele está disposto a tudo para chegar aonde quer e precisa estar.






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