sábado, 30 de junho de 2012

Considerações Sobre o Ser





Em minha curta experiência de vida, me relacionando com o próximo, observando as relações humanas das sombras, pude adquirir alguma experiência no que tange o campo complexo dos laços afetivos e do papel que nos cabe desempenhar neste mundo. Poderia dizer que um dos maiores medos que enfrentamos hoje é o medo de ficarmos sós.

Poucos são os que gostariam de viver sós, principalmente entre os mais joves. Reflexo disso é o "boom" das redes sociais. Para não se ver só, nos iludimos com uma vida virtual, com "amigos" virtuais, e em poucas conversações, pouco contato, já nos julgamos íntimos (ou algo mais) de pessoas que mal conhecemos, pessoas das quais só conhecemos um perfil criado (seja lá condizente com a realidade ou não). E estas pessoas acabam tendo para alguns importância maior do que as pessoas reais que fazem parte de suas vidas reais. Este é o grau de superficialidade que se espalhou por muitos e vem se difundindo cada dia que passa.

No entanto, este não é o tópico que pretendo explorar aqui. Como disse acima, temos um papel a desempenhar no mundo, e eu poderia dizer que em primeira instância nós nos dividimos em duas classes: perpetuadores e mantenedores.
Os perpetuadores nasceram para trabalhar, se relacionar e procriar. Seu fundamental papel é tornar a espécie humana "eterna", dando origem a novas gerações, criando filhos, preservando o mundo, difundindo os valores.
Os mantenedores nasceram para manter a ordem, a paz, e também a chama acesa. Alguns devem se dedicar ao "oculto", estudando e compreendendo o espiritual, consolando os corações atritos e dando a todos uma ilusão de que sempre há esperança. Após guerras, cabe aos mantenedores apontar novos rumos, persuadir aos perpetuadores a continuarem suas vidas, continuarem seus trabalhos. Outros mantenedores devem se dedicar a se aventurar pelo mundo, explorar terras longínqüas, e compilar tudo isso em vídeos, livros, etc. Desta forma, alimentam os perpetuadores com ilusões de que podem se aventurar, alimentando a chama, que não pode se apagar.
Ambas as classes são essenciais para a vida humana, e se uma delas falha, a desordem e o caos imperam. No entanto, uma coisa precisa ser dita: a missão dos mantenedores requer abandono e desapego. E por isso muitos sofrem hoje em dia, sem conseguirem se relacionar, sem conseguirem manter uma relação estável e sadia.

Precisamos parar, respirar e buscar as respostas que gritam dentro de nós. Qual será nossa missão? Sou um perpetuador ou um mantenedor? Talvez sua felicidade e plenitude de vida só seja adquirida na solidão, e por isso sofre, pois busca felicidade numa união para a qual não foi feito. Pense nisso.

A Guerra Vindoura


A névoa de novo!
Ou mato, ou morro.
O suicídio?
Não é opção.
Ainda não cumpri minha missão.

Já se passou o tempo de chorar sozinho.
Agora é o tempo do desapego,
Da luta emocional.
Subjugue seus sentimentos;
Liberte seus pensamentos!
Se não houver solução?
Ponha um ponto final.

Sinto que agora estou preparado;
Um pesado livro ao meu lado:
Na mente? Algumas idéias.
Serão muitas léguas a percorrer,
Mas o que é o caminhar,
Quando aprendi a correr?

Que venha a guerra.
Mais que estar pronto para matar,
Estou pronto para morrer.
E se este for o meu destino?
Prefiro encará-lo...sozinho.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Vencer?

Uma singela pressão em meu peito
Vejo flores caindo enquanto um funeral é pensado
Pensado pela Mente que sempre arruma um jeito
Um jeito de transformar futuro em passado

Um exército de mil homens é meu inimigo
Não há socorro, nem há para onde fugir
Não há espadas, tenho só uma pedra comigo
Queria ser um leão, afugentando todos ao rugir!

E de repente, não mais que de repente
Uma fenda abre-se no meu peito:
Larvas famintas corroem-me o corpo e a mente
Dança frenética e carnívora em meu leito

Sou banquete de meu próprio interior
Meus medos são bestas vorazes
Queira Deus que eu me levante com louvor
Para vermifugar tripas e sentimentos vulgares

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Meditações - 2



Look, how beautiful is the sky tonight!
Full of stars.
I remember, ten years ago,
When I was young,
I used to spend my time watching the stars,
Shining in the sky...
Is buried in the past.
I can´t stop think
When I changed?
The man in the mirror,
Who is him?
I want to recover my best,
My old form.
Cause I miss,
All the innocence,
The peace of spirit,
And the sincere smile.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Velado (Can you figure it out?)

Em versos escusos eu falo
Pois Nero ameaça com fogo
Roma arde ao cantar do galo
Ri alto o vil demagogo

Se antes havia iníquos
Intolerantes sem perceber
Hoje eles são mais prolíficos
Disfarçados em seu proceder

O estandarte era contra a desordem
Que hoje virou lei suprema
Perversão agora é um totem
A certeza é para eles dilema

Sua bandeira reluz como o prisma
Nunca nada foi tão ameaçador
Vai à vala quem tem mais carisma
O acusado virou acusador

Mas não era para o ser humano
jogar fora o que tinha de mal?
Por que então substitui o profano
Por algo ainda mais bestial?

E quem me vê escrevendo assim
crê que estou  falando de poucos
São grupos e grupos sem fim
Pervertendo tudo, como loucos

Mas não me calo nem hei de calar
O que fala meu ser, tão perplexo
Sua causa quero ver tombar
Pelo amanhã menos complexo




terça-feira, 26 de junho de 2012

Salve-me - Parte 2

- Salve-me.

Foi o que Hélio ouviu, fazendo-o despertar de seu transe. Aquelas palavras ditas suavemente por lábios delicados, foram como música para ele. Hélio olhou para o lado e viu quem pronunciava tais palavras. A mulher era clara de cabelos castanhos, lisos e compridos. Tinha uma feição um tanto quanto cansada, os olhos avermelhados, como se tivesse chorado recentemente. Aparentava 30 anos a moça, e notando que Hélio a observava, sem nada dizer, estendeu sua mão e disse, "Rita, prazer", enquanto esboçava um sorriso. Hélio retribuiu o aperto de mãos e convidou-a para um drink, ele pediu mais um whisky, ela o acompanhou com o mesmo pedido. Brindaram à vida, e apreciaram a bebida calados, sem o impulso normal ao se deparar com alguém novo, de fazer perguntas entediantes. Após apreciarem a bebida, Hélio disse a Rita, "Você tem uma história. Vamos dar uma volta, gostaria de ouvi-la", ao que Rita sorriu e aceitou o convite, levantando-se e se dirigindo à porta.

Quando Rita estava na porta, olhou para trás. Hélio se levantou, e naquele momento as incontáveis doses de whisky se fizeram contar. Tudo girava ao seu redor, o bar, as mesas, a menina de pele claríssima com uma serpente tatuada nas costas que dançava ao som de Black Sabbath na jukebox. Então Hélio não se aguentou, caiu inconsciente, todavia.





segunda-feira, 25 de junho de 2012

Jiu-Jitsu, A Arte Suave


Há cerca de um ano atrás eu resolvi que era a hora de dar uma voadora no sedentarismo e começar a praticar um esporte. Meu interesse era alguma arte-marcial ou defesa pessoal, e fiquei indeciso entre o krav-magá e o Jiu-Jitsu. Escolhi o Jiu-Jitsu. Eu costumava acompanhar MMA na TV e sabia que nele usavam técnicas da arte no chão, mas não sabia exatamente no que a mesma consistia. Em minha mente era algo bem violento, e já imaginava sair dos treinos cheio de hematomas, mas me impressionei. Já na aula experimental vi que a arte consistia em dominar o oponente através de técnica, claro que ser forte ajuda, mas não é o porte físico que define o resultado de uma luta.

O nome Jiu-Jitsu quer dizer "arte suave", pois nele, atráves de movimentos precisos, uma pessoa pode dominar outra muito mais forte que ela. A arte chegou ao Brasil com Mitsuyo Maeda (Conde Koma) em 1915, mas foi com Carlos e Hélio Gracie que ela se transformou, evoluiu e se espalhou pelo Brasil e pelo mundo como o conhecidíssimo Brazilian Jiu Jitsu, que é o mais praticado hoje em dia, inclusive no Japão. Hélio Gracie era um cara franzino, e com sua arte conseguia derrotar lutadores com até 30kg a mais que ele. E pasmem, eu, que não sou nenhum Hélio Gracie, luto com caras de 30kg a mais que eu e até consigo dominá-los.



O universo dos praticantes de Jiu-Jitsu é bem variado, tem marombados, gordinhos, magrinhos, jovens, adultos, altos e baixos...ifelizmente não tem muitas mulheres, mas isso está mudando. E é muito interessante ver garotos gordinhos (ou magrinhos), que normalmente são zuados na escola, chegarem no tatame e subjugarem outros que estão mais em forma, ou que aparentemente seriam os "favoritos" na luta. Desta forma o indivíduo passa a se aceitar melhor, e a auto-estima voa no ar, sem limites.

Cada dia que passa me impressiono mais com esta técnica, e só me arrependo de não ter começado antes. Com certeza teria influenciado muito positivamente em minha vida. Vestir o kimono é como vestir a armadura do homem-de-ferro. Entrar no tatame é como entrar em zona-de-guerra, e não há mais emoção do que a de finalizar alguém maior e mais pesado que você. Sem falar que dentre os muitos benefícios o Jiu-Jitsu aumenta em muito seu fôlego e resistência física, que contarão muito quando estiver entre quatro paredes com aquela gata que te deixa louco. Mas e você, já teve curiosidade de experimentar o JJ? Procure uma academia e participe de uma aula experimental, creio que não irá se arrepender!

Última chamada

Beijei-te com todo o desejo de minh´alma
Tomando suas delicadas mãos, te guiei
Com cuidado, para que não perdessemos a calma
Dos olhares indiscretos te salvei

Fui-me embora, depois de ti
Corria feliz pelas ruas, mas a dor já agia sorrateira
Minha menina se afastaria de mim
Nunca mais a veria solteira

Ao chegar em casa, de um jeito diferente ouvi sua voz
A doçura, plena e máxima, alcançava o céu
Despedi-me com um "até logo", partiu-se o "nós"
E o inferno, com quentes labaredas, deixou-me ao léu

Cheguei ao aeroporto, triste cena
Observava os portões, para ver se ela viria
Chorei! talvez tudo aquilo não teria valido a pena
Minh´ alma, há pouco tão cheia, jazia vazia

Eu já não passava de um morto-vivo
Que por tanto tempo mais defuntei que vivi
Faleceu também minha menina: Que destino altivo!
Diante do seu cadáver a velei, mas a ela não revivi

Seus ouvidos me são fechados
Sua alma encontra-se lá onde ninguém chega a pé
E eu estou de volta ao aeroporto, com ânimos redobrados
Aguardando uma supresa outra, com fé

domingo, 24 de junho de 2012

Mistérios da meia-noite




É madrugada...

O ar soturno domina as ruas
No peito dores, abandonos constantes
Sorrisos dispensatórios, e eu tão condescendente...

E assim, na calada...
O som noturno seduzia-me como deusas nuas
No solo, flores, no destino pesados instantes
Lembranças tristes, e eu tão convalescente...

Comecei a atentar para a música que ressoava
Eram pianos, executando um concerto solitário
O que despertou a minha atenção
Pois era propagada, ali, minha própria natureza

Vi então um bando de corvos que, em paz, revoava
Em muitos planos, em uníssono com ideal libertário
O que deu-me a belíssima intenção
De com eles decolar em absoluta leveza





quinta-feira, 21 de junho de 2012

A dança da Física, parte 1

Nunca na história da humanidade as coisas se tornaram tão "hi-tech", como nesta era contemporânea. A partir da Revolução Industrial, praticamente todos os aspectos da vida humana foram inundados por uma onda científico-tecnológica que visava, sobretudo, suavizar as dificuldades práticas encontradas pelo homem nos seus afazeres, em seu lazer e descanso.

Neste contexto, as idéias da "recem-nascida" física (antes entendida e estudada sob o nome "Filosofia Natural"), principalmente a Mecânica de Sir Isaac Newton (foto) e a Termodinâmica (sobretudo o estudo das máquinas térmicas), de grandes nomes como Nicolas Carnot, foram rapidamente convertidas em tecnologia, de modo a satisfazer a grande demanda do capitalismo liberal nascente por produção em larga escala e em curto espaço de tempo (maximizando, assim, o lucro e o acúmulo de capital).

"Mecanizando-se" ao longo do tempo, o homem aprendeu a converter ciência em tecnologia (a engenharia começava a tomar a forma atual): conforme as ciências se desenvolviam, a tecnologia avançava em ritmo exponencial, e de uma maneira "simbiótica" unia-se à cada vez mais dinâmica vida humana. Com a descrição física do Eletromagnetismo a partir de meados do século XVII, o homem aprendeu a usá-la para a transmissão de informações via ondas eletromagnéticas, tudo isto a longa distância, e em velocidades extremas. Mas o alicerce da ciência e da tecnologia do século XXI viria a ser uma teoría física do início do século XX.

Ressucitando a antiga idéia dos gregos atomistas,  os cientistas do final do século XIX e início do século XX descobriram que sim, a matéria é composta de "pequenas unidades básicas", chamadas de "átomos" (que em grego significa "indivisível"). Graças aos experimentos de físicos como J.J. Thomson, Dalton, e Rutherford, não só a natureza atômica da matéria foi descoberta, mas também os primeiros sinais de sua estrutura: os átomos não eram tão "átomos" assim. Possuiam partículas de carga positiva, denominadas de "prótons", e partículas de carga negativa, denominadas de "elétrons". Descobriu-se também um terceiro tipo de partícula pertencente à estrutura da matéria, o "neutron", que é uma partícula de carga nula necessária para a estabilidade do átomo (exceto, naturalmente, ao átomo de hidrogênio, que não possui nenhum neutron).

Assim, os cientistas caminhavam para o conhecimento do mundo do muito pequeno, que causará uma aceleração ainda maior ao crescimento e desenvolvimento da tecnologia do século XX e XXI. Ernest Rutherford lançou, baseado em alguns experimentos que fez (em especial, o do bombardeamento em uma folha muito fina de ouro, com partículas alfa), o modelo teórico em que o átomo seria como um mini sistema solar, com elétrons girando em órbitas bem definidas ao redor do núcleo. Mas, como veremos no próximo texto, este modelo não poderia estar de acordo com a natureza, e o maior vilão neste caso foi justamente a lenda que nos possibilitou o "boom" do nosso conhecimento físico/matemático da natureza...


Situação



Na lua vejo refletida sua brancura,
Ou será que é você que a reflete nua?
Se meu toque desperta a libido tua,
No caminho da serpente tu me levas a loucura.

São três da manhã. Você chamando.
Ouço sua voz, será um sonho?
Sou despertado por Amy cantando,
Você me introduz em seu mundo insano.

Estou agora totalmente embriagado,
A lucidez se torna um fardo pesado.
Febre, enxaqueca...se aquiete, eu ponho a mesa,

Meu prato é você! Ou sou eu a presa?
Nos devoramos mutuamente, no topo cereja.
Tudo começa num bar. Batata e cerveja.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Ouroboros

Desespero latente. Vitupério na mente
Por compreender o mistério do que se sente
Sentimento que oscila irremediavelmente
Como os cabelos, que sempre precisam do pente

Veneração velada. Andar na mesma estrada
Disfarçada pela auto-enganação tão amada
Sangue vertido pela afiada espada
Voltando, gota a gota, à veia dilacerada

Desejo revigorante. Imagem alucinante
Quando ela aparece, sensual e cativante
Nos sonhos, sonhados de forma insinuante
Que não poderiam ser descritos sequer por Dante

Que desta vez eu possa! Não mais voltar à fossa
Por imaginar a inimaginável alegria nossa
Juntos após o destino que sempre acossa
Ter a segurança que de tudo se apossa

terça-feira, 19 de junho de 2012

Elos


Gritamos;
Gritamos por não nos ouvirmos mais.

Brigamos;
Brigamos por não aguentarmos mais.

Choramos;
Choramos pois a dor é insuportável.

Desistimos;
Desistimos pois não é possível suportar.

Voltamos;
Voltamos pois não dá para viver sem.

Amamos;
Amamos pois não há vida sem.


Sigo pelos dias, vivendo um pouco,
Destruindo-me, e,
Reconstruindo-me em você.

A vida tem vários caminhos,
Mas é mais alegre seguí-los,
Se ao meu lado tenho...você.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Escrava


Subiu o monte a escrava, doida, iludida
Para anunciar ao mundo a sua honestidade
Subiu o monte a escrava, a si mesma vendida
Para acorrentar-se na sua própria verdade

Esvazia-se a si mesma a escrava
Para dela mesma encher o mundo
Sua própria cova, a escrava no monte cava
Ao contar seu segredo mais profundo

Diga apenas um "a" à submissa e iludida escrava
E verás cumprido todo o alfabeto
Como dificilmente se observa hoje em dia

Mas não lhe peça segredo, pois a situação se agrava
Ela é tão submissa ao que acha absolutamente certo
Que espalhará tudo como a luz que o sol irradia




"Uma pessoa não precisa estar atrás das grades para ser prisioneira. As pessoas podem ser prisioneiras de seus próprios conceitos e ideias. Elas podem ser escravas de si mesmas."  
Prem Rawat


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domingo, 17 de junho de 2012

Recomeço




Metade dos meus sonhos não irão se realizar,
E na outra metade preciso perseverar.
Se não quiser que se tornem poeira,
É preciso carregar minha bandeira.

Nesta altura da vida, cheguei numa encruzilhada,
Seguindo em frente há um caminho que não leva a nada.
Desta vez preciso embasar meus planos em rocha,
Para não andar no escuro, minha meta brilhará como tocha.

Já estou deixando para trás, o que não me serve mais.
A sandália que usei para vir, não serve, deixo aqui.
A trouxa de preocupações, só atrapalha meu caminhar,

Largo-a aqui, ou me fará definhar.
Agora, estou voltando; a esperança, ainda está brilhando.
Espere por mim futuro: logo estarei chegando.

Horizonte de Eventos

Há sempre um caminho nas estrelas
Geodésicas num espaço quadridimensional, linhas do universo
Rabisco umas equações num papel, a fim de entendê-las
Até as incógnitas tomarem a folha, frente e verso

Mergulho na matemática para entender os mistérios
E entre funções de onda e variáveis aleatórias
Percebo que excessos são sempre deletérios
E no quadrado da norma não encontro respostas satisfatórias

Números são apenas números quando buscamos conhecimento
Nem sempre é possível desvendar todo o oculto
Quando endeusamos as equações que nos guiam

Não vemos a nós mesmos, mas conhecemos qualquer outro elemento
E eu, a tantos mistérios sepulto
Quando não compreendo as fronteiras que nos limitam









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Resenha: Com "Indestructible", Disturbed chega a um novo patamar

Na ativa desde 1995, o Disturbed sempre focou o seu som num rock pesado com características modernas, e uma cozinha cheia de "groove", com o baterista Mike Wengren quase sempre seguindo o ritmo ditado pelo guitarrista Dan Donegan ou pelo baixista (o atual, John Moyer, substitui o baixista original Steve Kmak, que saiu da banda em 2003). Depois do aclamado "The Sickness", do envolvente "Believe" e do excelente "Ten Thousand Fists", o Disturbed coroa sua belíssima evolução musical lançando, em 2008, o álbum "Indestructible".

O álbum parece ter saído de uma mistura perfeita entre elementos característicos dos três primeiros álbuns de estúdio da banda. Possui a raiva do debut "The Sickness", a emoção  de "Believe" e a técnica de "Ten Thousand Fists", além do franco amadurecimento musical de David Drainman e companheiros.

O álbum inicia-se com a faixa-título "Indestructible", que é um hino à auto-motivação. Frases como "I´m an indestructible master of war" e "My true vocation, and know my unfortunate friend, you will discover a war you're unable to win" são acompanhadas de riffs poderosos, pesadas linhas de baixo e uma bateria cheia de groove. É uma música empolgante que mostra caminhos musicais que ainda não tinham sido percorridos pela banda nos três primeiros álbuns.


A segunda faixa chama-se "Inside the Fire" (que foi o primeiro single do álbum), uma canção que foi inspirada numa triste história envolvendo o suicídio de uma antiga namorada do líder da banda. Novamente vemos uma letra forte, um "energético" acompanhamento musical que consegue "animar" a quem escuta, apesar do delicado tema abordado.


As faixas 3 e 4, "Deceiver" e "The Night", são provavelmente as mais pesadas do álbum, onde a banda explora ritmos um pouco mais pesados e rápidos, ao mesmo tempo em que descarregam refrões extremamente melódicos e densos. A faixa 5, "Perfect Insanity" é uma versão moderna de uma música grava nos primórdios da banda. A propósito se pudéssemos escolher uma música da banda que justificasse o  porquê de a banda se chamar "Disturbed", seria essa: ela é praticamente uma auto-declaração de loucura.


Três das quatro próximas faixas (com exceção de Enough, que é bem "animada") são, provavelmente, as mais sombrias do álbum: "Haunted", "The Curse" e "Torn". "Enough" possui um groove mais "pula-pula", é uma canção muito bem escrita, pesada e ritmada, talvez posta entre essas quatro para quebrar um pouco o clima "pesado" da sequência. Entretanto, apesar desse caráter "sombrio", Haunted, The Curse e Torn são ótimas faixas.


O álbum segue para o seu final com as boas e diretas "Criminal" e "Divide", e fecha-se com chave de ouro com a vibrante "Façade". Sem dúvida nenhuma, este cd foi um dos melhores lançamentos no rock/metal de 2008, pois mostrou uma banda que sabe como manter-se íntegra às suas origens e evoluir sem prejuízo da qualidade do som que produz. Foi através deste trabalho, penso eu, que o Disturbed firmou-se como uma das grandes bandas modernas e, apesar do atual hiato, acredito que ela nos brindará com muitos outros futuros bons trabalhos.


Nota: 9,5/10,0


Disturbed é:
David Drainman - vocal
Dan Donegan - Guitarra
John Moyer - Baixo e backing vocals
Mike Wengren - Bateria


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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Quanta de sentimentos

Percebi que meus sentimentos não exprimem continuidade
O descobri através de meios planckianos
Eles vêem em pacotes discretos, na realidade...
E quem os absorve, me têm à vista por muitos anos!

Se jogo um quanta de amor numa mulher
Fotoeletricamente lhe arranco o coração
Se tomo um quanta de amizade numa colher
Faço de um estranho o meu irmão

Mas se me observam maliciosamente, me escondo
Das incertezas infinitas, corto o "h" da honestidade
E por um túnel não-clássico potencializo a cinética da fuga

Se tentam me encontrar, dissolvo-me num orbital redondo
E por funções de onda dou a minha mais profunda probabilidade:
A que os corações afaga, e as lágrimas enxuga

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Muquifo da Depressão




A parede é menos que um compensado,
E mais que um papelão.
A poeira se amontoa como um condensado,
Impossibilitando minha respiração.

Como vim parar neste muquifo?
Vermes e baratas no banheiro!
Queria sair daqui voando num grifo,
Mas estou aprisionado pelo dinheiro.

O barulho dos carros não me permite dormir,
O sol bate em meu rosto, eu preciso fugir!
Às vezes o barato sai caro,

Quero sair daqui.
Mas enquanto não saio, devo me acostumar,
Esse ar abafado, vou me intoxicar.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Broken Valentine´s II

Carta a um anjo que partiu

Ontem foi aquele dia em que todos confraternizaram-se com seus pares em nome do amor. Eu, entretanto, há quase 8 anos vivo sem ti. Eu lembro-me dos bons momentos que tivemos, de quando, pela última vez, tomei a tua mão para beijar-te no silêncio ecoado da escuridão. Mas como se vê, ontem não houve motivos para sorrir. Já não há pele para sentir, pois tu já não estás aqui.

As lembranças não mentem, mas quisera eu que as brumas da paz me confundissem a memória! A sombra da solidão é gélida, o desejo de ti é impiedoso, e a realidade, como que segurando um chicote voraz, marca minha alma com a cicatriz da saudade. Saudade...

Preparei um bolo em tua homenagem, menina dos cabelos lisos, e sorriso encantador. Eu não sei mais de ti, possivelmente mudastes por completo: aonde vives, como vives, como pensas e até mesmo a tua imagem e outros atributos que desconheço. Mas meu cérebro, tal qual artista atemporal, gravou um pedaço da tua linha de universo, esculpiu tua imagem no mármore frio da minha consciência, construiu em minha alma o teu templo, que faz Afrodite, a mais bela das deusas, morrer de inveja.

Eu sonho com o dia em que te terei em meus braços, mesmo sabendo que este dia é realmente só um sonho e jamais chegará. A tua partida foi o romper definitivo de qualquer elo que havia entre nós. Abro uma garrafa de Jäggermeister para tirar o gosto do bolo. Nunca chegamos a tomar esta bebida juntos, mas te lembras quando, há tanto tempo atrás, outros néctares bebemos?

Agora partirei, pois logo adormecerei, entorpecido pelo álcool...

"Yours ever",
Nicolau Magela

terça-feira, 12 de junho de 2012

Aparências


No palco esbanjava sorrisos;
No backstage, uma lágrima caía.
Pensava ter muitos amigos,
Mas em verdade ninguém lhe queria.

Vivia atrás de holofotes,
Sem eles, nada fazia.
Não ter atenção para ela era morte!
Vontade de fama era o que a movia.

Apaguem as luzes, fechem as cortinas,
Tirem a razão de sua vida.
Quem saiba isso faça que ela acorde,

E destrua a ilusão que ela mantinha.
Não merece atenção quem almeja recompensa,
E para isso se aproveita de aparências.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Hipona


Caminhei pelas cidades dos homens, buscando a luz
Saí em plena madrugada, transitei de solidão em solidão
Insólita ocasião, ócio quebrado, omissão destruída
Busquei meu cajado, pois meus pés já não tinham forças de sustentação

Já tive meu destino nas mãos de muitos
E todos eles me decepcionaram
Todos viraram as costas quando não precisavam de mim
Para voltarem como cães arrependidos quando de mim dependiam

Minha alma quer buscar o caminho para o infinito
Mas foi amaldiçoada pelo paradoxo de Zenão
Ao buscar o infinito, percorre infinitos infinitos
E só não é infinita a minha disposição

Buscarei o caminho até Hipona
Lá vive um homem sábio
Que falou de uma tal Cidade de Deus
Ali talvez seja um lugar feliz...



domingo, 10 de junho de 2012

A carta que ninguém leu

Eu sou a carta que ninguém leu
Em vão trabalhou a mão que a escreveu
Ela passa, envelopada, de pessoa em pessoa
Mas ninguém crê que nela haja alguma coisa boa

Abandonada, a carta segue envolta em ar misterioso
Todos a guardam com espírito zeloso
Mas ninguém a abre, ninguém a quer ler
Condenando incógnitas palavras a morrer

Sou aquele pedaço de papel incólume
Solto no mundo, seguindo na correnteza aleatória
Longe de ser revelada a feliz leitora

Sou aquele que nunca quis ser célebre
Que só queria fazer parte da memória
Lida, apenas, por uma alma bem-feitora.

sábado, 9 de junho de 2012

Cavaleiro de Jorge


Estava triste, completamente amargurado,
O brilho da lua se tornou mais forte!
E me veio galopando em seu cavalo,
O Santo Guerreiro: Salve Jorge!

Convidou a me tornar um dos seus,
Mate dragões!
Pediu por amor a Deus.
E obedeci. Matei sem restrições.

Um dos dragões era branco de pêlo vermelho,
O outro negro! Matei com os olhos vendados.
E Jorge me sorriu, dizendo: discípulo amado!

Como prêmio, primeiro, jóias e colares.
Mas terei mais generosidade:
Rubi, anel, querubim, uvas e lã.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O chicote bravio

Da Casa Grande grita o meu senhor, de quem eu nunca vi Sinhá!
"Vocês trabalham hoje, amanhã e quando eu determinar!"
Meu amigo, Banto, fitou-o com ódio ao lembrar-se do lado de lá
Nossa terra, onde nos dias sagrados podíamos descansar

Da Senzala, palavras chulas são dedicadas ao meu senhor
A quem, apenas com outro senhor, tenho visto
Ele ouviu nossas palavras e saiu de sua casa, com furor
Porque percebeu que, entre seus pertences vivos, era malquisto

Meus irmãos da cor estavam desesperados pelo meu destino
Meu senhor arrastava-me pela fazenda, através do canavial, até o pelourinho
Estava ele a ponto de me punir pelo desatino
Dizendo que eu sofreria um castigo, um castigo "levinho"...

E dizia: "Sou vosso dono, sois meus animais"
Concluiu com uma frase tenebrosa
"Vocês devem produzir para mim, sob o olhar furioso do capataz"
É... Assim segue a vida dos escravos daquela figura odiosa


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Alce vôo


Ele se foi.
Seu nome agora é saudade.
E dentro de cada um de nós,
Reside uma lembrança.

Quantas vezes parados,
Absortos,
Não nos lembramos dele?
Sempre pedia: "Marque este jogo."

Eu sou botafoguense,
Mas se tem jogo do Fluminense,
Lembro dele, e torço.

E ele era tão querido,
Que em sua despedida,
Compareceram todos.





quarta-feira, 6 de junho de 2012

Versos Épicos


Se entre ti e uma fruta eu pudesse traçar um elo
Escolheria, indubitavelmente, o teor saudável do pomelo
Pelo olhar suave com o qual me fitas
Transmitindo-me, açucarada, o sabor do doce de marmelo

Ao ceder-me tua companhia, para meu inteiro deleite
Viajo com minhas mãos na tua pele cor de leite
De ti vem o sabor que aguça o mais sensível paladar
E a seiva de teus lábios absorvo como se fora fino azeite

Olha, menina! Que quando me tomas o braço viro uma fortaleza
Em teus braços acolhes e escondes toda a minha fraqueza
Para que eu possa, todo forte, ser o teu apoio
Ontem, hoje, e quando já não tiveres sequer tua beleza

Eu vi a tua imagem, e a ela dedico estes humildes versos
O big-bang que em mim causastes criou, em mim, mil universos
Em cada um deles, reinas gloriosa para além das probabilidades
Em meu coração, tua alma e teu corpo estão profundamente submersos

terça-feira, 5 de junho de 2012

Thamires e Raphael


Ele era flamenguista;
Ela, botafoguense.
Ele era da zona norte!
Ela, de outro município,
Mas tinha o espírito andarilho.
Ele era da noite,
E ela corria de dia.
Ele era branco, translúcido,
Como um fantasma.
Ela, mulata, faceira.
Ela curtia um pagode;
Ele era do metal.

Ela, com seu jeito carinhoso,
Sua entrega, submissão,
Conquistou o coração do moço,
Que se entregou, de supetão.
E quando ela viajou por dez dias?
Amargurado ficou o coração.
Era tanta saudade, mas tanta,
Que um dia não bastava para matar.
Ele deprimido, e ela louca,
Decidiram ir para Santa Teresa,
Três dias passar.

Ele a xingava, batia, brigava!
E ela era puro amor para lhe dar.
E quando ele não a via, que agonia!
Não tinha como não se entregar.

Apesar de tantas oposições,
Quando se olhavam olho a olho,
Tinham uma certeza no peito:
Apesar de tudo, eram iguais.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Vã filosofia

Há mais mistérios entre o céu e a terra do que os imaginados pela nossa vã filosofia, dizia o gênio literário William Shakespeare. Homens insignificantes, mergulhados na soberba que lhes tiram a significância, arrogam poder saber tudo e segregar aqueles que, segundo sua própria prepotência e seus critérios parvos, desconhecem o seu "saber".

Imbecis.

Todos estes. Todos estes que acreditam em algo e julgam-se superiores por acreditar. Imbecis!

E todos aqueles também que não crêem, e julgam-se superiores por não acreditar. Imbecis!

Somos todos o mesmo esqueleto por trás da pele e da carne.  Por que não usar nosso conhecimento para arrastar mais pessoas para o discernimento e o saber, ao invés de segregar cegamente e vangloriar-se na solidão inglória do falso intelectualismo?

Certo estava Sócrates, que mesmo sendo incrivelmente sábio, esvaziava o seu conhecimento e a si mesmo de qualquer grandeza ao dizer que o que sabia era quase nada, que era preciso aprender sempre. Falta essa humildade aos (pseudo) intelectuais de hoje. Falta a eles saber que o conhecimento brota de muitas fontes, e toda fonte de conhecimento que se atrever a dizer que é a única fonte de conhecimento, ou é falsa ou se faz conhecer de forma equivocada.

Sejamos humildes no saber, sensatos no conhecer e belos no ser. Só assim é possível elevar o espírito humano e valorizar a solidariedade e a fraternidade entre nós! Afinal de contas, a Sabedoria Absoluta sempre será inalcançável de todo, e assim sempre seremos, em alguma medida, ignorantes.

sábado, 2 de junho de 2012

Salve-me - Parte 1


Hélio Mozer estava há cerca de duas horas sentado no balcão do bar, naquela meia-luz, pensativo, pedindo doses e mais doses de whisky, sem gelo. Ao seu lado, um manuscrito de tamanho considerável, tendo como título "Salve-me". Hélio não olhava para o manuscrito, mantinha até uma certa distância, como se o temesse. O que seria?

Hélio era um homem maduro, tinha 35 anos, sem filhos, sem mulher, sem nada que o prendesse a uma vida de quietude, a algum padrão. Era bonito. Alto, cabelos escuros, curtos e lisos, pele clara, barba por fazer. Escritor decadente, já havia tido seu ápice, seu best-seller, que ainda ocupava algumas estantes de livrarias. Tratava-se de um romance, a história não era sensacional, mas era bem escrita. Contava a vida de um homem que se entregou a todos os prazeres da vida até conhecer uma mulher pela qual se apaixonou, abandonando uma vida desregrada para conquistá-la. Esta acaba se casando com um primo rico, e o protagonista se mata, após matar os dois. Mas esta história já era passado,contavam dez anos do lançamento, e desde então Hélio não havia publicado nada que tivesse prestado, só havia tido uma participação rápida como colunista numa revista de atualidades, mas seu estilo não agradou o público alvo, sendo ele então dispensado.

Já estava em seu nono ou décimo Whisky quando Rita se aproximou. Ela sentou ao lado dele, no balcão, mas ele não a notou. Ela então olhou para o manuscrito e leu o título em voz alta. Hélio então olhou para o lado, como quem desperta de um transe, e não pôde deixar de vislumbrar a beleza da mulher que chegara.




sexta-feira, 1 de junho de 2012

Sua transparência derradeira (fachada)

Olhe para ela, veja o que dela sobrou
Seus restos jazem unidos em uma instável ligação
O que há de belo nela, apenas na memória restou
Errada, chora lágrimas amargas por sua vã auto-doação

O aspecto vítreo dos seus olhos, porém, mostra terror resignado
Uma obstinação suicida, uma resistência aguerrida
Vínculos que não se quebram por seu medo desenfreado
Desinstabilidade resultante das más escolhas na vida

Ciclo repetitivo de frustrações, que nunca se termina
Um grão de poeira torna-se um paralelepípedo em seu rumo
Magnificado pelo erro constante que há muito a desanima
Seus olhos, antes cheios de cor, agora se colorem de negro fumo

Por quanto tempo mais tu tentarás!?
Quanto tempo haverá de passar até que desistas disto tudo?
Inocente e delicada, procurarás e não encontrarás
Só acharás o arrependimento, monstro que assusta sendo mudo

Por quanto tempo tu, aí, permanecerás?
Até que o mundo veja que tu não aguentas mais?


A tua fachada não nega
O fato de que estás miserável...