terça-feira, 31 de julho de 2012

Cama de Casal


Era um dia bonito amor, uma bela manhã de terça-feira. Estávamos no inverno, tinha chovido por uma semana, mas o sol aparecera finalmente. Não fazia calor, estava um clima ameno, agradável, e as ruas ainda estavam húmidas. Fomos na loja comprar uma cama de casal, estávamos montando nosso ninho, tínhamos acabado de nos casar, mas ainda não estávamos vivendo juntos. Você se apaixonou por um colchão semi-ortopédico, com estampas. Deitamos nele, experimentamos e decidimos levar. Compramos uma cama de madeira, num tom escuro, para combinar com os outros móveis do quarto. Estávamos felizes, tudo chegaria no sábado, poderíamos nos mudar no fim de semana.

Passaram-se dois dias...

O céu voltou a ficar nublado. Nuvens, chuva, densidade e lágrimas. Eu estava deprimido, você também, brigamos. Chegamos ao ponto de terminar aquilo que mal havíamos começado. Eu chorei, você também, mas reatamos. Era tarde, o estrago já havia sido feito. Eu fui dormir, um pouco mais tranquilo...mas você não. No dia seguinte, você não me atendeu. Eram 5 da tarde, onde estaria você? Eu me preocupei, peguei o carro e corri até você. Chegando em sua casa, abrindo a porta, não pude acreditar...mas o cheiro do gás não me permitia duvidar do ocorrido. Lá estava você, inerte, com uma brancura maior que a habitual, nua no chão, com os olhos abertos. Na sua mão direita, uma carta, um bilhete, muito simples. Apenas dizia "Cansei de viver".

Agora estou aqui amor, deitado naquela cama que deveria abrigar o nosso amor. Estou aqui sozinho, e nem ao menos seu cheiro para impregná-la e permitir que eu delire, imaginando que estás aqui. Ela tem o cheiro de nova! Amor, nada disso aqui faz sentido sem você. Tomei a liberdade de batizar a cama com álcool, e este fósforo aceso será minha passagem até você. Eu estou chegando.

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