sábado, 28 de julho de 2012

Salve-me - Parte 4


"Copacabana...boas lembranças deste lugar. Passei parte de minha infância nesta praia. De manhã, as areias e o mar. De noite, o calçadão, os quiosques", comentou Hélio ao chegarem. "Tenho um primo, chamado Magno. Escrevi um livro inspirado nele, onde ele vivia um romance nestas areias. Não cheguei a publicar, mas, quem sabe?", continuou ele.

Ainda estava escuro quando chegaram, Rita tirou as sandálias e foi para perto do mar, de mãos dadas com Hélio. Haviam algumas pessoas aguardando a alvorada, alguns moradores locais e uma dupla de rapazes morenos, levemente embriagados, vestidos de blazer, discorrendo sobre a vida e os relacionamentos. Um deles dizia "Nada disso importa...eu quero é a mina de fé", e o outro gargalhava. Hélio ouviu este trecho da conversa alheia, e ficou um pouco melancólico. Sentaram-se e aguardaram a alvorada calados, sem se dirigirem a palavra. Fazia um pouco de frio, então Rita se aconchegou debaixo dos braços de Hélio. Eram como dois namorados, mas eram dois desconhecidos. As ondas quebravam e tomavam cada vez mais a areia, chegando a molhar os pés do curioso casal. Finalmente amanhecia. Os primeiros raios de sol, tão sutis, banhavam totalmente o corpo de Rita, e então, como num lapso, Hélio a observou melhor, vendo refletida nela a beleza de alguém que há muito ocupava sua mente. A pele dela era clara, mas bronzeada. Seus cabelos castanhos tinham a vivacidade do cobre. A moça então se espreguiçou e Hélio notou que seus movimentos eram sutis, exuberantes, quase que como uma dança. Ela bocejou e então deitou no colo de Hélio. Sua mão então, como num reflexo incontrolável, repousou sobre a cabeça daquela linda mulher e começou a afagar seus cabelos. O coração dele começava a palpitar forte, o estômago se apertava. Seriam sinais da idade? Mas, antes que Hélio pudesse dizer algo, foi interrompido. O celular dela tocou.




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