sábado, 3 de novembro de 2012

Partida - Parte 2


Eu cheguei em casa, bêbado, tomei água, uma ducha fria, e dormi. Mas dormi de verdade. Não pensei em você, não sonhei, não me revirei. Dormi bem, como não dormia há muito tempo. E finalmente, após semanas, consegui acordar cedo, novamente, para correr. Foi como um elixir. Todo meu desânimo, minha tristeza, tudo agora tinha um novo rumo. Eu precisava seguir em frente, me focar em algo, viver a vida, SER FELIZ! Eu me foquei no doutorado, na gaita, no jiu-jitsu, nas corridas, e até voltei a operar na bolsa! Em poucos meses eu tinha minha tese pronta, já podia me considerar doutor. Na gaita, estava afinadíssimo. Toda festa, reunião de amigos, me pediam para tocar. No jiu-jitsu tinha conseguido a faixa-azul, e até ganhei uns campeonatos. Consegui correr minha primeira maratona, e tinha feito um tempo excelente. Na bolsa consegui alguns lucros modestos, mas progredia a cada dia minha estratégia. E aí, sem preocupação, comecei a viajar...Recife, Buenos Aires, Paris...conheci gente pra caralho! A Lurdinha, o Pablo, a Elisa e o Gustav. Nesse ponto minha vida começou a virar loucura, alucinação. Pulei de asa delta, saltei de bungee jump, participei de orgias, bacanais...bebia pacas, usei drogas, até me prostitui em Paris para comprar uma branquinha. Fiz tatuagens pra caralho, tava todo rabiscado, tava feliz! Eu nem lembrava mais do seu nome. E foi aí que voltei para o Brasil. Faziam 2 anos que não ouvia falar de você.

Chegando aqui, quis ir num restaurante oriental que só me lembrava que eu curtia muito. Muitas lembranças haviam fugido de minha mente por efeito do abuso das drogas. Chegando lá, tudo fez sentido. Era o nosso restaurante. Na parede tinha um mural com foto de frequentadores, e lá estava nossa foto...eu estava sozinho, comecei a beber saquês, e quando dei por mim duas horas haviam passado e eu estava completamente bêbado. Caminhei, e fui me encontrar em frente a porta da sua casa. Puxei a gaita do bolso e comecei a tocar sua música, "Sex on Fire" do Kings of Leon. Sua mãe apareceu na porta e disse que você não morava mais lá. A mulher não quis me dar o endereço, mas me deu seu telefone, após muita insistência. Eu liguei.




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