quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Partida - Parte 4

De uma hora pra outra, começamos a brigar por coisas banais. O sexo já não segurava mais nossa relação, e você cancelou o noivado. Terminamos e voltamos inúmeras vezes, sempre com promessas vãs de que dali em diante tudo ficaria bem novamente. Mas não ficava! Nossos egos, nossos egoísmos, nossas vontades...era foda. As coisas começaram a esfriar, e depois começaram a esquentar novamente, mas num sentido ruim. Numa briga que tivemos, daquelas, você me agrediu na rua, e eu ameacei bater em você. Nos calamos. Tomamos nossos rumos e partimos. Dejávù. Voltamos a nos encontrar para oficializar o término, o segundo término, e foi isso. Eu saí do seu apartamento e fui caminhar na areia, ouvindo as ondas, e aí, novamente, estalo. Sabe, eu ainda te amo, mas durante todo aquele tempo, não era de você que eu sentia saudade, mas sim da imagem de você que eu idealizei dentro de mim. Em alguns momentos você era exatamente o reflexo daquela imagem, mas em outros momentos, não. Creio que o mesmo se passava para você, em relação a mim. Nós não soubemos nos aceitar como éramos de verdade, e por isso nos frustrávamos tanto um com o outro. Sabe, agora eu estou velho, faço 70 anos hoje, e olho para o passado, e vejo que suas qualidades tinham mais peso na balança que os seus defeitos. Eu olho para trás e só vejo nossas glórias, o quanto nos amamos, e o quanto poderíamos ter nos amado, se nossos egos não tivessem influenciado tanto em nosso relacionamento. Eu ainda te amo, de verdade, e espero que você esteja feliz, e que tenha chegado ao mesmo raciocínio que eu, após tantos anos. Hoje nada mais importa. Essa é a ação do tempo. As glórias parecem mais douradas, e o que foi triste, se apaga, além do mais, estou velho demais para remoer tristezas.





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